Um resultado que representa
a condenação da política das troikas

Cá estamos nós<br> para continuar a luta

Octávio Augusto (Membro da Comissão Política)

Concluída que está a batalha eleitoral para o Parlamento Europeu, cá estamos para prosseguir o nosso combate, a nossa luta. E vamos fazê-lo com redobradas energias e ainda com mais confiança. E com uma imensa alegria.

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Destas eleições, sobressai o grande êxito alcançado pelo PCP e pelas forças que integram a CDU, tendo sido alcançados todos os objectivos definidos:

- Mais votos;

- Mais percentagem;

- Mais eleitos, num quadro em que o número de deputados a eleger diminuiu.

Um excelente resultado construído com base numa campanha de massas, assente no contacto directo com os trabalhadores e as populações e em centenas de iniciativas.

Fomos a única força política que fez campanha na rua, à porta das empresas, das aldeias do interior aos grandes centros urbanos.

Ao deliberado silenciamento da CDU e dos seus candidatos, feito até ao limite, respondemos com uma fortíssima acção de esclarecimento assente no contacto directo. Demos a cara, prestámos contas, afirmámos a nossa diferença, a nossa análise e as nossas propostas.

Foi um resultado construído a pulso, que trouxe para o voto na CDU milhares de pessoas que o fizeram pela primeira vez.

A campanha de outros mal se viu. Não o fizeram porque não precisavam. A sua constante presença na comunicação social, das mais diversas formas, era a garantia duma campanha oficiosa e oficial que se substituiria aos incómodos do contacto com o povo.

No terreno seriam confrontados com as suas responsabilidades, com as promessas feitas, com as mentiras que sustentam o seu discurso.

Pelo nosso lado, sentíamos que à simpatia crescente em torno da CDU se juntava a intenção de voto. Percebia-se que cada vez mais portugueses ganhavam consciência de que PSD, PS e CDS, alternando-se no governo, não só eram os responsáveis pelo estado a que o País chegou, como no essencial não se distinguem nos projectos e na prática política. A apropriação da palavra «mudança» por parte do PS na sua publicidade soava a falso.

Com estes resultados da CDU estamos em melhores condições para prosseguirmos a luta que leve à derrota deste Governo e à indispensável ruptura com a política de direita.

Com estes resultados, PSD e CDS sofrem uma profunda derrota ao alcançarem o seu pior resultado de sempre, enquanto o PS ficou claramente aquém dos seus objectivos e o seu insistente apelo ao voto útil assente na ideia de que «só o PS estaria em condições de derrotar o Governo», não surtiu o efeito desejado.

Um resultado que representa a condenação da política das troikas. Uma condenação expressa pela redução da expressão eleitoral dos três partidos PS, PSD E CDS, que subscreveram, apoiaram e se propõem manter o rumo de exploração e empobrecimento, e que no seu conjunto viram a sua votação reduzir-se, perdendo mais de 400 mil votos.

Levar o voto para a luta

Com a nossa acção, levámos a luta até ao voto.

Agora, trata-se de levar o voto para a luta.

Luta em defesa dos direitos dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas; em defesa dos serviços públicos, da Escola Pública, do Serviço Nacional de Saúde.

Luta no Parlamento Europeu em defesa dos interesses de Portugal e dos portugueses; luta na Assembleia da República, já na próxima sexta-feira, através da moção de censura que apresentámos ao Governo e às suas políticas.

Compreende-se o incómodo e o embaraço de alguns perante esta oportuna iniciativa do nosso Partido. Perante o caminho para o abismo económico e social trilhado pelo actual Governo; perante o desprezo pelos interesses do povo e do País, que há muito evidenciam um Governo e uma maioria política e socialmente isolados pela luta dos trabalhadores e do povo e que está irremediavelmente derrotado; perante a falta de legitimidade política de um Governo e uma política fora da lei e em confronto com a Constituição da República, soma-se agora uma clara expressão de devastação da sua base eleitoral e de legitimidade democrática; perante o rumo de desastre económico e social para o qual o País está a ser arrastado, não há nenhuma outra saída digna e democrática que não seja a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas.

Compreende-se também o incómodo e o embaraço que causou o sucesso da CDU nestas eleições não apenas pelo resultado em si, mas pelo que representa para os combates do presente e do futuro.

De resto, comentadores, analistas e politólogos de serviço e ao serviço do capital, secundados por representantes dos partidos da troika nacional e pelo deputado Pinto, apressaram-se na desvalorização do resultado da CDU, nos ataques ao PCP e nas calúnias sobre as suas verdadeiras análises e propostas.

Eles compreendem que o PCP e a CDU podem crescer ainda muito e muito no plano eleitoral e na sua influência política e social.

Cá estão eles a cumprir o papel que o capital lhes atribui.

E cá estamos nós para continuar a nossa luta, na certeza de que os vamos derrotar!




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